domingo, 7 de dezembro de 2008


A EVOLUÇÃO DE LONGO PRAZO PODE DIFERENCIAR DOIS SUBTIPOS DE PSICOSE DE INICIO TARDIO.


CASO B

foto da web/www.ziza.es
Paciente M., sexo feminino, 2º grau de escolaridade, solteira e sem filhos. Há 11 anos, 8 meses após o falecimento de sua genitora, iniciou quadro psicótico produtivo caracterizado por alucinações auditivas, delírios persecutórios, alteração da relação eu-mundo. Acreditava estar sendo perseguida pela polícia, que as pessoas lhe mandavam mensagens pela televisão e que alguém no prédio vizinho a filmava. Ouvia vozes e acreditava que iriam raspar sua cabeça como uma forma de lhe fazer mal. Iniciou tratamento com haloperidol 2,5 mg/dia em associação com diazepam 10 mg e o manteve por oito anos, apresentando remissão total dos sintomas produtivos no período, após o que foi retirada a medicação antipsicótica e mantido apenas lorazepam 2 mg/dia.

Voltou a apresentar sintomas produtivos um ano após a retirada do antipsicótico. Iniciou desconfiança com determinado banco quando lhe telefonaram oferecendo vantagens para abrir conta corrente, chegando a ir à agência para conferir as informações prestadas no telefonema. Acreditava ser seguida por um homem na rua, com alucinações auditivas acusatórias e delírios de referência. Nesta época, por acreditar no envolvimento de determinada emissora de televisão em sua perseguição, telefonou para a estação e disse impropérios sobre determinados artistas. Reiniciou o uso de medicação antipsicótica, com risperidona 2 mg/dia associado a lorazepam 1 mg/dia. Dois meses depois apresentou novamente remissão total dos sintomas produtivos.
No momento, seu afeto é esmaecido, com prejuízo na vontade e no pragmatismo. Mantém-se mais isolada, com atividades sociais resumidas a ir à casa da cunhada. Apresenta resistência ao uso da medicação, questionando sua indicação em todas as consultas, apesar do esclarecimento sobre sua necessidade. Mantém o uso de risperidona na mesma dosagem e de lorazepam, agora 0,5 mg/dia. Alterna seu juízo crítico de morbidade, acreditando em determinados momentos que os fatos persecutórios são reais e, em outros momentos, que tais idéias são decorrentes de sua doença.
Revista de Psiquiatria Clínica

===========================================================================

Nenhum comentário: