terça-feira, 2 de dezembro de 2008

A
BATALHA
DOS
RATOS

 

Justiniano José da Rocha
                                                                imagem daqui   
        Cansados destes combates singulares que todos os dias tinham de travar com os gatos, e em que quase sempre sucumbiam, os ratos assentaram em regimentar-se, formar exército e escolher de entre si valentes coronéis, hábeis generais, que os guiassem, e para bem de todos dispusessem das forças e do préstimo de todos.
         Tudo isto não se fez sem alguma agitação, sem falatórios; logo pois chegou notícia ao povo dos gatos. Recrutar exército contra semelhante inimigo teria sido um opróbrio; de tal não se lembrou gato algum; contentaram-se com escolher dez campeões. Vendo confiadas à sua valentia a honra e a defesa da sua raça, foram estes ao encontro dos ratos. Acharam-nos postados em vasto campo, segundo a arte. Os gatos riem-se; os ratos tomam as risadas por ameaçadores miados e espavoridos dispersam-se, fogem; cada qual acolhe-se ao seu buraco. 
          Os coronéis, porém, e os generais, que para melhor serem vistos no meio das proezas que pretendiam fazer, tinham posto elegantes penachos, não puderam a tempo livrar-se dessas insígnias, nem com elas encafurnar-se nos seus esconderijos. Pagaram pois as despesas da guerra; os dez gatos não deixaram escapar um só deles.
MORALIDADE. - Na hora de perigo, antes confundir-se com o povo do que primar entre os chefes; ali abrigam-se todos na comum obscuridade, aqui pelo seu esplendor é cada um denunciado.
EU ACRESCENTO: Quando os poderosos riem, os falaciosos e pusilânimes, por sandice ou ignara tese muitas vezes são levados por seus líderes a interpretar meros risos dos poderosos como rugidos ameaçadores.


fábula daqui

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