domingo, 30 de agosto de 2009

Secretário diz que Polícia Civil de SP está em "letargia" e precisa resgatar investigação

GABRIEL MESTIERI


colaboração para a Folha Online


O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, afirmou nesta quarta-feira que a Polícia Civil está em estado de "letargia e inépcia" e anunciou mudanças para resgatar seu "caráter investigativo".

"A Polícia Civil de São Paulo encontra-se em um estado de letargia, inépcia", disse Ferreira Pinto em um debate sobre segurança pública organizado pela Fecomercio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo). "Ela deve ser resgatada em sua atividade de investigação, que hoje é ínfima", afirmou o secretário, a uma plateia formada majoritariamente por policiais.

Entre as mudanças --algumas em implementação e outras já em vigência--, estão a cobrança de resultados das polícias por parte da secretaria, o fortalecimento da Corregedoria da Polícia Civil --que, antes subordinada à Delegacia Geral, passará a responder diretamente ao gabinete do secretário-- e outras operacionais, que devem permitir à Polícia Civil ampliar sua capacidade de investigação.

A subordinação direta da Corregedoria Geral ao gabinete do secretário visa evitar represálias dentro da Polícia Civil. Antes, um corregedor poderia se sentir acuado ao investigar outro policial, temendo que no futuro este mesmo policial estivesse em situação hierárquica superior à sua. A medida foi publicada na edição desta quarta-feira do "Diário Oficial" do Estado.

O secretário citou ainda a redução pela metade do número de policiais do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) e do GOE (Grupo de Operações Especiais), o que liberou mais policiais civis para trabalhos de investigação.

Outra medida destinada a liberar mais policiais funções repressivas, é a transferência da responsabilidade da escolta de presos transferidos em pequenas e médias cidades à Polícia Militar. Atualmente, a Polícia Civil realiza essa tarefa em 127 municípios do interior.

O secretário afirma que, com as mudanças, os policiais civis vão ser mais cobrados por resultados.

Para ressaltar como considera importante a cobrança de resultados em sua gestão, Ferreira Pinto cita o caso do Deic (Departamento de Investigações sobre Crime Organizado), cujo comando foi trocado após apenas dois meses porque o "trabalho não estava a altura".

Polícia Militar

Quanto à Polícia Militar, Ferreira Pinto afirmou que considera que a polícia precisa estar na periferia. Ele afirmou que a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) precisa atuar em locais onde a cobertura das equipes convencionais da PM é ineficiente.

O secretário afirmou ainda que a Polícia Militar deixará de registrar termos circunstanciados [espécie de boletim de ocorrência para crimes de menor gravidade]. A PM estava autorizada a registrar os termos em alguns locais do Estado, mas a função voltará a ser exercida com exclusividade pela Polícia Civil.

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