segunda-feira, 27 de abril de 2009

Esquizofrenia e outros transtornos Psicóticos

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Fotos de www.ziza.es/recopilatório
Abandono das atividades sociais, em geral lenta e progressivamente, coincidindo com deterioração do auto-cuidado
Perda dos limites corporais, com incapacidade de perceber-se como uma entidade separada do outro
Perda das associações de pensamento, geralmente com pensamento lentificado ou repetitivo com rápida mudança de um tópico a outro (afrouxamento das associações)
alucinações (alteração da senso-percepção) auditivas, geralmente de natureza difamatória
delírios (alterações do conteúdo do pensamento) frequentemente de natureza persecutória ou megalomaníaca
sintomas com duração de pelo menos 1 mês (CID10) ou 6 meses (DSMIV)
Sinais adicionais frequentes:
Afeto raso e alteração rápida do humor sem relação com as circunstâncias
Hipersensibilidade a estímulos ambientais
Várias alterações de comportamento incongruentes com o ambiente externo
Pensamento concreto com inabilidade de abstração e inapropriada simbolização
Prejuízo na concentração piorado por alucinações (bloqueio de pensamento) e delírios
Despersonalização (como se o paciente observasse suas ações de fora de seu corpo)
Considerações Gerais
Os transtornos esquizofreniformes têm em comum uma maciça disrrupção do pensamento, humor e comportamento geral, assim como dificuldade de filtrar estímulos externos.
Os nomes das classes destes transtornos são modificadas por fatores sócio-culturais e diferentes escolas psiquiátricas.
A esquizofrenia afeta 1% da população mundial.
Acredita-se que a esquizofrenia é uma doença multifatorial, com fatores genéticos, ambientais e alterações de neurotransmissores.
Ainda não há exame laboratorial para a confirmação do diagnóstico que é eminentemente clínico (isto é, feito pela entrevista com o psiquiatra). Pode ou não haver uma história de alteração grave na vida do paciente falência, perda, doença física) antes do surto psicótico.
Outros distúrbios psicóticos são condições similares à esquizofrenia em seus sintomas agudos, mas têm menor influência a longo prazo.
O indivíduos geralmente mantém alto nível de funcionamento. Os episódios psicóticos agudos tendem a ser menos disruptivos para o estilo de vida pessoal, com um rápido retorno ao funcionamento social anterior.

Classificação
a) Esquizofrenia –
Hebefrênica (desorganizada) – caracterizada por marcada incoerência e incongruência e afeto pueril (antiga demência precoce)
Catatônica –marcado distúrbio psicomotor com excitação (movimento estereotipado e bizarro – flexibilidade cérea) ou rigidez commutismo. Raramente há alternância rápida entre excitação e estupor catatônico
Paranóide – inclui delírio marcadamente persecutório ou megalomaníaco geralmente congruente com alucinações de igual conteúdo com menos marcada desorganização da fala e comportamento.
Indiferenciada – categoria onde os sintomas não são específicos para se enquadrarem em nenhum dos subtipos
Residual – pacientes que já tiveram episódio marcado de esquizofrenia, mas atualmente sem sintoma psicótico, apresentando sinais moderados como abandono dos laços sociais, afeto raso e comportamento excêntrico.
Transtorno Delirante Persistente (antiga Paranóia)– psicoses onde os sintomas predominantes são delírios persistentes, não bizarros (possíveis, mas pouco prováveis) com mínimo prejuízo do funcionamento diário (os esquizofrênicos geralmente têm marcado prejuízo ocupacional e social).
As atividades intelectuais e ocupacionais são pouco afetadas, porém o funcionamento social e conjugal tende a ser marcadamente afetado.
Alucinações não são comuns. Temas comuns dos delírios incluem perseguição, ser amado por pessoas famosas e de infidelidade.
Transtorno Esquizoafetivo – São aqueles quadros difíceis de serem classificados entre os episódios do humor (BIPOLAR) e os esquizofrênicos. São geralmente casos com sintomas afetivos que precedem ou se desenvolvem concomitantemente com manifestações psicóticas.
Transtorno Esquizofreniforme – similares à esquizofrenia, exceto em sua duração que dura mais de uma semana, mas menos de 30 dias (CID 10 ) ou menos de 6 meses (DSMIV)
Transtorno Psicótico Breve – Duram menos de uma semana. São resultantes de estresse psicológico. A curta duração é significante e o correlato com um início mais agudo e a boa resolução apontam par um prognóstico muito melhor.
Psicose Tardia – Alterações cerebrais orgânicas ocorrem em 40% dos pacientes que desenvolvem sintomas psicóticos depois dos 60 anos. Os sintomas psicóticos são típicos e há outros achados como baixo nível de QI e redução dos níveis cognitivos
Psicose Atípica – Este grupo inclui um largo espectro de condições com sintomatologia psicótica. A causa geralmente não é clara, mas eventos posteriores (novos sintomas, por exemplo) podem clarear o diagnóstico.
O exemplo mais comum é uma psicose crônica desenvolvida durante períodos de uso pesado de droga ou assim que a droga é suspensa (abstinência).
Outras condições incluem disfunção do lobo temporal, Infecção por HIV e vários diagnósticos diferenciais. Eles geralmente têm uma boa história pré-mórbida, um início agudo e episódios livres de sintomas.
Achados Clínicos
Os achados e sinais variam de forma importante entre indivíduos e na mesma pessoas em épocas diferentes.
A aparência do sujeito pode ser bizarra. A atividade motora é geralmente reduzida, variando do estupor catatônico à agitação psicomotora franca.
O Comportamento é caracterizado por marcado abandono com distúrbio nas relações interpessoais e uma reduzida capacidade de experimentar prazer (anedonia). Dependência de familiares e baixa-estima.
A fala é variável: a linguagem pode ser concreta com simbolismos, alterações das associações, mutismo, pensamento circunstancial ou tangencial, neologismo (criação de novas palavras ou uso de palavra antigas com outros significados), ecolalia (repetição de palavras ditas por outros), Verbigeração (repetição de palavras sem sentido).
O afeto é geralmente raso, com inadequações freqüentes (ex: risos imotivados). A depressão é presente em quase todos os casos, mas pode Ser menos aparente durante os episódios psicóticos agudos e mais óbvios durante a recuperação.
A depressão é, às vezes confundida com a bradicinesia (redução dos movimentos) causada por antipsicóticos.
A Avolição (falta de vontade) que aumenta os sintomas e reduz a resposta ao tratamento é também relatada.
O trabalho é geralmente abandonado e o tempo ocioso propicia abuso de drogas, abstinência e aumenta os sintomas psicóticos.
Conteúdo do pensamento – pode variar de poucas idéias a um rico e florido complexo delirante com pensamento arcaico. Em alguns casos, simples perguntas podem ocasionar comportamentos explosivos, ou em outras formas, desencadear um estupor catatônico. Quando a ideação paranóide está presente, o paciente é geralmente irritável e menos cooperativo.

Delírios (falsas crenças) são característicos do pensamento paranóide e geralmente aparecem sobre a percepção de alteração no comportamento de outras pessoas com o paciente (idéias de referência).
Estas idéias podem levar o paciente a trancar portas e janelas, pegar armas, cobrir os ambientes com alumínio para impedir ondas de radar e outros comportamentos bizarros. Delírios corporais/somáticos geralmente envolvem doenças corporais ou infestações corporais.
Alucinações (alterações da sensopercepção) geralmente envolvem alucinações auditivas (alucinações visuais são mais comumente associadas a estados organo-cerebrais) e podem incluir ilusões (distorções da realidade) assim como figuras mudando de tamanho ou luzes variando de intensidade. Alucinações cenestésicas (táteis) – sensação de queimação no cérebro, sentir o fluxo sanguineo nas artérias) ocorrem ocasionalmente.
Mau-humor, sentimentos de morte, despersonalização (um sentimento de estar separado de si mesmo) e o medo de aniquilação podem estar presentes. Qualquer dos sintomas acima pode generar ansiedade em níveis extremos, com grande sofrimento e ocasional ideação de pânico e suicídio, sobre os quais o individuo não tem controle.
Sintomas esquizofrênios têm sido classificados como positivos e negativos. Os sintomas positivos incluem: alucinações, delírios e distúrbios do pensamento formal, assim como catatonia. Estes sintomas parecem estar relacionados ao aumento da atividade dopaminérgica (D2) na região mesolímbica.
Sintomas negativos incluem redução da sociabilidade, restrição do afeto, pobreza da fala e pareem relacionados à redução da atividade dopaminérgica no sistema mesocortical.
Aumento ventricular e atrofia cortical são vistas em tomografias e têm sido correlaionadas com curso crônico, grave prejuízo cognitivo e baixa resposta aos neurolépticos. A redução da atiivdade do lobo frontal na Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) tem sido associada com sintomas negativos.
O surgimento de um episódio agudo de esquizofrenia é o produto final de uma gradual descompensação. Frustração e ansiedade aparecem precocemente, seguidos por depressão e alienação, seguidos por redução da efetividade nas atividades diárias.
Isto geralmente leva a sentimentos de pânico e aumento da desorganização, com perda da capacidade de testar e avaliar as percepções da realidade. Este estágio, também chamado de resolução psicótica, inclui delírios, preocupações autistas e percepção delirante, com aceitação do estado de descompansação (“Agora tudo faz sentido”).
O processo é frequentemente complicado pelo uso de cafeína, álcool e outras drogas recreacionais.
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