quarta-feira, 4 de março de 2009, 10:02
da Redação - estadao.com.br
SÃO PAULO - O ex-secretário adjunto da Secretaria de Segurança Pública, seu ex-sócio e estariam envolvidos em um suposto esquema que vendia cargos e sentenças favoráveis a policiais. O investigador Augusto Pena - preso na Penitenciária 2 de Tremembé - aceitou fazer delação premiada e depôs ao Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco). Assumiu achaques à cúpula do Primeiro Comando da Capital e entregou esquemas de corrupção para compra de decisões em processo administrativos para absolver policiais corruptos. Assinadas por Malheiros Neto, as decisões eram tomadas em nome do secretário Ronaldo Marzagão.
Quem é quem no esquema
Lauro Malheiros Neto - o ex-secretário adjunto da Secretária de Segurança Pública teria cobrado
propina para absolver policiais acusados de corrupção em processo administrativo. Malheiros Neto nega. No cargo, ele podia assinar decisões em nome do secretário da pasta, Ronaldo Marzagão.
Celso Augusto Hentscholer Valente - ex-sócio e responsável pela manutenção do escritório de advocacia do então secretário ajunto da Segurança Pública, Lauro Malheiros Neto. Teria pressionado o investigador Pena, dentro do Presídio Especial da Polícia Civil para que o policial não fizesse a delação premiada. Valente diz que se trata de um ‘disparate total’;
Augusto Pena - investigador que denunciou - em troca de delação premiada - o esquema de venda de cargos e de sentenças de processos administrativos para reintegrar policiais corruptos ou absolvê-los. Foi preso por sequestrar o estudante Rodrigo Olivatto, enteado de Marco Camacho, o Marcola, do PCC. Foi ameaçado e transferido de prisão.
Denúncias
Venda de cargos e sentenças - em sua denúncia, Pena contou ao Gaeco que Malheiros Neto e Valente receberam R$ 300 mil de três investigadores para reintegrá-los à polícia. Em sua delação premiada, contou que três delegados pagaram de R$ 100 mil a R$ 250 mil pelos seus cargos no Decap e Detran.
Máfia dos bingos e caça-níqueis - além da venda de cargos e sentenças, foram denunciados a arrecadação de dinheiro da máfia dos bingos e caça-níqueis.
Segurança privada - Pena revelou que um delegado usava viaturas da polícia para prestar serviço de segurança privada. Disse que havia um esquema de desvio de verba de combustível das viaturas na região de Mogi das Cruzes, onde trabalhou em 2006. O esquema era simples: a polícia recebia verba para comprar gasolina, mas abastecia os carros com dinheiro fornecido pelas prefeituras. Os recursos do Estado "eram desviados". De vez em quando, diz ele, abasteciam em um posto perto da delegacia para apanhar o cupom fiscal.
Detran - por fim, Pena contou que cinco delegados e cinco investigadores estavam envolvidos na máfia das CNHs que agia na Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Ferraz de Vasconcelos. O investigador disse que levou dinheiro de propina para a cúpula do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro), até mesmo parte do que havia sido mais tarde arrecadado com o achaque a Marcola.
Investigações
Corregedoria - a Corregedoria da Polícia Civil abriu três apurações preliminares e quatro inquéritos policiais sobre as denúncias de corrupção envolvendo o investigador Augusto Pena e as pessoas que ele acusa.
Guarulhos - a promotoria de Guarulhos denunciou Pena por extorsão mediante sequestro cuja vítima é Rodrigo Olivatto, enteado de Marcola. Também o acusou de achaque a um empresário acusado de ser doleiro.
São Paulo - a 4.ª Promotoria de Justiça da Capital denunciou Pena sob a acusação de ele ter furtado do depósito do Deic uma carga de Playstation apreendida.
Gaeco - o Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado de São Paulo abriu investigação sobre o suposto esquema de venda de sentenças de processos administrativos para reintegrar à policia acusados de corrupção.
DVD - os Gaecos de São Paulo e Guarulhos receberam um DVD com uma hora de gravação em que um advogado investigado no caso supostamente negocia pagamento de propina.
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