Com Farias, vaga estava garantida
Rosa Costa, Luciana Nunes Leal e Leonencio Nossa, BRASÍLIA
Sexta-feira passada, pela manhã, horas antes de o Senado anunciar o fim da Diretoria de Apoio Aeroportuário, o servidor Francisco Carlos Melo Farias, responsável pelo departamento, cumpria mais um dia da rotina de "diretor de check in".
Em tese, a função dos sete funcionários chefiados por Farias era facilitar a vida dos senadores, providenciando os embarques, encontrando vagas em voos, conseguindo transferências de última hora. Na prática, ocupavam-se mais dos parentes e amigos dos senadores do que dos próprios parlamentares, que já costumam chegar com tudo pronto para o embarque.
Funcionários de companhias aéreas que operam em Brasília apelidaram Farias de "diretor de fura-fila". A equipe do Senado costuma furar qualquer tipo de fila, inclusive a de passageiros, com privilégios concedidos pelos programas de fidelidade. Por sempre pedir às empresas para "ajudar o senador", Farias também era alvo de uma ironia: quando se dirigia aos balcões, os funcionários cochichavam: "Lá vem o senador".
Longe do aeroporto, outro servidor viu, também na sexta-feira, chegar ao fim o status de diretor. Encarregado de zelar pelos três blocos ocupados por senadores na quadra 309 sul do Plano Piloto, com 70 apartamentos funcionais, o servidor Elias Lyra Brandão passou de síndico a "diretor de fantasia" por um ato da Comissão Diretora, de 2004, liderada pelo então presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Lyra foi um dos 50 diretores rebaixados por decisão do primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI). O servidor foi procurado pelo Estado, mas o porteiro do Bloco G, em cuja garagem está instalada a coordenação, disse que ele havia saído para ir ao médico. E que não sabia se voltaria ou não, "porque ele também despacha no Senado".
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