terça-feira, 12 de janeiro de 2010

CASO CASOY

Maio 05, 2008

É PRECISO PASSAR O BORIS CASOY A LIMPO

O jornalista Boris Casoy se notabilizou por seus bordões e comentários de cunho pessoal sobre as notícias que divulgou no SBT, na Rede Record e, agora, na TV Bandeirantes.

Há muito Casoy nega ter participado da organização terrorista e para-militar CCC – Comando de Caça aos Comunistas, que na década de 60 espancava, torturava e matava estudantes, atores, intelectuais e militantes de esquerda. Com nítidas influências da racista e norte-americana KKK – Ku Klux Klan , o CCC também era identificado por seus ideais assumidamente nazistas, o que denota um contra-senso com as origens étnicas de Boris Casoy, filho de judeus russos. Mas remanescentes daquele grupo que depredou diversas dependências públicas e privadas -- atitude muito criticada pelo Casoy quando perpetrada por movimentos sociais -- insistem em reconhecê-lo como ex-parceiro de atividades.

Também há quem relacione Boris Casoy ao empréstimo de veículos da frota da empresa jornalística Folha de São Paulo, às operações da polícia política da ditadura que levou ao desaparecimento diversos jornalistas, intelectuais e ativistas de esquerda. Evidentemente Casoy também nega qualquer relação com este fato, mas foi editor da Folha de São Paulo entre 1974-1984. Em contradição mais recente, o próprio Casoy desmentiu as especulações sobre pressões políticas do governo Lula que teriam levado a sua demissão da Rede Record. Mais de uma vez, e por variados meios de mídia, Casoy afirmou que o fato resultara tão somente de um comum acordo entre ele e a direção da empresa, revelando não concordar com a nova "roupagem que a emissora planeja para o Jornal da Record". Pouco depois mudou de idéia e até hoje sustenta ter sofrido, sim, pressões do governo Lula provocando sua demissão em dezembro de 2005.

Aponta como principal razão dessas pressões, suas declarações e comentários sobre suposta participação do ex-ministro José Dirceu no assassinato do Prefeito de Santo André, Celso Daniel.

Entre os indícios que comprovaria o envolvimento de Dirceu no caso, Casoy, assim como seus colegas de demais veículos (e que não foram demitidos), apontava as declarações do irmão do falecido prefeito que, antes de assassinado, fora coordenador da vitoriosa campanha de Lula à presidência. Já comprovado pelas investigações da Polícia Federal e da polícia do Estado de São Paulo como crime comum e sem motivos políticos, em função da espetacularidade promovida pela imprensa, novas investigações foram realizadas pela polícia do Estado governado há mais de uma década pelos adversários do PT, do governo Lula e do Dirceu; resultando na condenação ao irmão do ex-prefeito de Santo André a pagamento de indenização por injúria. Por magnanimidade da vítima, o caso se resolveu com um pedido formal de desculpas do irmão de Daniel à Dirceu. Mas a isto Casoy não deu qualquer divulgação.

Talvez não o tenha feito por já estar desempregado, mas seus colegas, que não perderam seus empregos, também não o fizeram. Assim como não noticiaram os pedidos de desculpas do principal acusador de Dirceu: Roberto Jefferson. Réu confesso de crime de corrupção, Jefferson desviou as atenções por sua conduta denunciando um esquema que seria chefiado por José Dirceu. Antes que o então deputado do PTB pronunciasse a acusação em plenário, ela já era noticiada pelo jornalista Ricardo Noblat, e imediatamente reproduzida por toda a grande imprensa brasileira, Boris Casoy inclusive, dando origem ao maior linchamento político da história do país, promovido em 2005-2006.

Após a fragorosa derrota do golpe da mídia e a reeleição do Presidente Lula, Roberto Jefferson desculpou-se das acusações dirigidas a Dirceu, provavelmente alegando o "calor do momento" ou algo parecido que não foi noticiado nem por Casoy, nem por ninguém. E depois da ampla repercussão e comoção pública alimentada por muitos meses de investigações pela Polícia Federal, por diversas corregedorias do governo e de instituições financeiras públicas e privadas, por 3 Comissões Parlamentares de Inquérito, pelo Ministério Público Federal e alguns Estaduais, além de uma legião de repórteres do dito jornalismo investigativo; chegou-se a conclusão de que da "quadrilha" apontada por Jefferson houvera, sim, a intermediação do empresário Marcos Valério para empréstimos realizados pelo tesoureiro do Partido dos Trabalhadores junto a duas instituições financeiras.

Nem Casoy nem seus colegas informaram que os empréstimos se verificaram de acordo com as normas que regem tais operações. Também não informaram que o mesmo expediente fora utilizado pelo PSDB, partido apoiado pela grande imprensa brasileira, através do mesmo Marcos Valério junto às mesmas instituições financeiras. Muito menos de que no caso anterior, o empréstimo não foi honrado como vinha acontecendo e acontece no atual. Apenas mereceu atenção da imprensa e dos jornalistas a condenação do secretário do partido, Silvio Pereira, por ter aceito um automóvel de presente do diretor de uma empresa. Daí à constituição de uma quadrilha, propalada por Casoy e todos seus colegas, até hoje nada se verificou, embora a investigação da Polícia Federal tenha sido tão minuciosa que atingiu o assessor de um deputado federal do Estado do Ceará, desgraçadamente irmão do então presidente do PT: José Genoíno.

Boris Casoy e seus colegas de imprensa ainda hoje recorrem a insinuações sobre o caso "dólares da cueca", mas jamais noticiaram as conclusões da investigação policial comprovando tratar-se de mero expediente de segurança do portador da importância a ser utilizada em assuntos pessoais, sem qualquer relação com o Partido dos Trabalhadores. Boris Casoy não é o único jornalista a usar artifícios de dramatização para transmitir uma imagem de indignação perante determinados fatos, omitindo as conclusões de investigações periciais sobre os escândalos que eles mesmos promovem. E foi apenas um dos muitos que insistente e diariamente acusaram o governo do Presidente Lula de incompetente e corrupto, embora jamais tenham informado aos seus espectadores que nos 8 anos do governo anterior somaram-se apenas pouco mais do que 20 operações da PF em combate à corrupção, e que nos 4 anos da primeira gestão do governo Lula ocorreram quase quinhentas.

Em uma delas foi arrolado um irmão do Presidente, e toda a imprensa acorreu a alardear o fato, embora tenha sido tão parcimoniosa na divulgação da participação do genro do ex-presidente Fernando Henrique no grande desfalque envolvendo verbas públicas e a falência do Banco Nacional de Minas Gerais. Quando se comprovou que Vavá, o irmão do presidente, não tinha nenhum outro envolvimento com a operação da PF que aprendeu proprietários de máquinas de bingo, além do telefonema de um dos implicados para convidá-lo a um churrasco, todos os colegas de Casoy recolheram-se ao grande silêncio em que se enclausuram nesses momentos.

Raul Longo - pousopoesia@ig.com.br

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